Baixar Mais Tocadas: ouvir Dulce Pontes

Están as nubes chorrando / Por un amor que morréu / Están as rúas molladas / De tanto como chovéu
Pele encarquilhada carapinha brancaGandôla de renda caindo na ancaEmbalando o berço do filho do sinhôQue há pouco tempo a sinhá ganhouEra assim que mãe preta faziacriava todo o branco com muita alegriaPorém lá na sanzala o seu pretinho apanhavaMãe preta mais uma lágrima enxugavaMãe preta, mãe pretaEnquanto a chibata batia no seu amorMãe preta embalava o filho branco do sinhô
Deus quer, o homem sonha, a obra nasceDeus quis que a Terra fosse toda umaQue o mar unisse, já não separasseSagrou-te e foste desvendando a espumaE a orla branca foiDe ilha em continenteClareou correndo até ao fim do mundoE viu-se a terra inteira, de repenteSurgir redonda do azul profundoQuem te sagrou, criou-te portuguêsDo mar e nós em ti nos deu sinalCumpriu-se o mar e o império se desfezSenhor, falta cumprir-se PortugalE a orla branca foiDe ilha em continenteClareou correndo até ao fim do mundoE viu-se a terra inteira, de repenteSurgir redonda do azul profundo
Aldeia da Meia PraiaAli mesmo ao pé de LagosVou fazer-te uma cantigaDa melhor que sei e faço De Montegordo vieramAlguns por seu próprio péUm chegou de bicicletaOutro foi de marcha à ré Quando os teus olhos tropeçamNo voo de uma gaivotaEm vez de peixe vê peças de oiroCaindo na lota Quem aqui vier morarNão traga mesa nem camaCom sete palmos de terraSe constrói uma cabana Tu trabalhas todo o anoNa lota deixam-te nudoChupam-te até ao tutanoLevam-te o couro cabeludo Quem dera que a gente tenhaDe Agostinho a valentiaPara alimentar a sanhaDe esganar a burguesia Adeus disse a MontegordoNada o prende ao mal passadoMas nada o prende ao presenteSe só ele é o enganado Oito mil horas contadasLaboraram a preceitoAté que veio o primeiroDocumento autenticado Eram mulheres e criançasCada um com o seu tijoloIsto aqui era uma orquestraquem diz o contrário é tolo E se a má língua não cessaEu daqui vivo não saiaPois nada apaga a nobrezaDos índios da Meia-Praia Foi sempre tua figuraTubarão de mil aparasDeixas tudo à dependuraQuando na presa reparas Das eleições acabadasDo resultado previstoSaiu o que tendes vistoMuitas obras embargadas Mas não por vontade própriaPorque a luta continuaPois é dele a sua históriaE o povo saiu à rua Mandadores de alta finançaFazem tudo andar para trásDizem que o mundo só andaTendo à frente um capataz Eram mulheres e criançasCada um com o seu tijoloIsto aqui era uma orquestraQue diz o contrário é tolo E toca de papeladaNo vaivém dos ministériosMas hão-de fugir aos berrosInda a banda vai na estrada