Guarda-me a vida na mão / Guarda-me os olhos nos teus / Dentro desta solidão / Nem há presença de Deus
Baixar Mais Tocadas: Ana Moura
É lenda, na mouraria / Que grande riqueza havia / Por uma moura guardada / Um dia alguém perguntou-me
Entre os teus olhos azuis / E um quadro azul de Picasso / Entre o som da tua voz / E o som de qualquer compasso
E muito se espantam da nossa brancura entretanto, / E muito pasmavam de olhar olhos claros assim, / Palpavam as mãos e os braços e outras partes, / portanto,
Aconteceu / Eu não estava à tua espera / E tu não me procuravas / Nem sabias quem eu era
Havia a solidão da prece no olhar triste / Como se os seus olhos fossem as portas do pranto / Sinal da cruz que persiste, os dedos contra o quebranto / E os búzios que a velha lançava sobre um velho manto
Eu quero, eu sei o que quero / A vida pra mim é assim / Eu quero, eu sei onde vou, eu quero / Mas não quero nem tolero
Aí eu, aí eu / De tanto chorar / Já dei a volta, e agora rio / Rio do rio, rio do mar
Moro na costa, solto um grito / Deixei muitas lágrimas na areia / Levo umas cidades no meu cinto / Trago umas tragédias na traqueia